Cheguei à página 500 do livro "Em busca do tempo perdido", do Marcel Proust! Não foi fácil e devo admitir que houve trechos em que passei mais rápido, em especial aqueles que dissecam a sociedade francesa do século XIX. Estou mais interessada no modo como ele descreve o próprio sentimento, como afirma tantas verdades sobre a alma humana.
O livro é praticamente a única obra do autor e é autobiográfico, apesar de conter trechos fictícios. Acho que ele não poderá ser transposto para o cinema devido à dificuldade em narrar o mundo interno do autor. O enredo em si é simples, sem tantos acontecimentos, (apesar de abarcar a vida inteira do personagem principal). Mesmo assim, já existe um filme baseado no primeiro volume, "Um amor de Swann", de 1984, com Jeremy Irons, que é bastante interessante pelas imagens e recriação da época.
Aos poucos o personagem está se tornando mais melancólico: teve uma grande desilusão amorosa e não corresponde aos anseios de seus pais. Seus próprios sonhos profissionais não são realizados por conta de sua asma e de sua fragilidade emocional. Ele vai discursando sobre suas lembranças, as expectativas em relação ao futuro e o que acontece no presente, e tudo parece muito dolorido. Ao mesmo tempo é tão verdadeiro e presente em algum grau na vida das pessoas em geral.
É curioso pensar que após tanto tempo, todos os personagens bem sucedidos do seu círculo só são conhecidos através do que Marcel Proust achava deles. A própria passagem do tempo ajudou a burilar o que importava dos acontecimentos do seu círculo social, e o que ficou foi... a própria visão dele...
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