Também achei outras coisas interessantes no filme além da situação feminina: a construção do personagem do duque foi muito esmerada. Ralph Phiennes está excelente no papel e não consegui ficar com raiva dele porque era possível entendê-lo, ele era um sujeito seco, mais velho e conhecedor de sua posição social e de suas obrigações. E apesar da violência com a qual ele trata a protagonista, é seu parceiro e está ao seu lado em momentos adversos.
Um parênteses: acho curioso o desdém com que ele trata o cargo de primeiro-ministro e a política, como se estes cargos fossem de "zeladores" e ele o síndico do condomínio e diz um pouco o que significava ser nobre nessa época.
Os relacionamentos que se formam durante a trama são pouco convencionais, com exceção do amor romântico da duquesa. Os questionamentos sobre relacionamentos na modernidade não devem nada aos do século XVIII, porque a visão clássica do casal que se ama e cuida dos filhos é perturbada pelo triângulo formado com a amante/amiga que mora com todo mundo e cuida de todos (assim como provoca todos). Ou talvez o filme tenha ficado contaminado por este novo modo de vermos a família e os casais que é mais fluido.
Por fim, a passagem para a vida adulta e suas desilusões e seus traumas são mostrados de forma tão bonita e dolorida... Até que a duquesa fica mais resignada com os prazeres que são possíveis e segue adiante, da melhor maneira que conseguiu. Um filme muito rico, mesmo.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment