Acabei de ler o livro Memória de Elefante, de Antonio Lobo Antunes. O livro é de 1979 e o personagem principal ainda é muito marcado pela Guerra em Angola, quando Portugal resistiu à perda das colônias que ainda possuía, mandando soldados para a África. Minha impressão é que o livro é autobiográfico, falo impressão porque curiosamente as resenhas sobre o livro nunca citam este fato. Mas o autor é psiquiatra, com 2 filhas, separado da esposa e foi enviado para Angola na mesma época do protagonista...
A princípio parecia que estava lendo um livro em outra língua, é muito curioso como os portugueses utilizam palavras que são nossas conhecidas, mas de outra forma, em outro ritmo. Como parênteses, também estava vendo na internet receitas culinárias portuguesas, e a cozinheira falava "chávena" no lugar de "xícara", "tacho" em vez de "panela", usava decilitro e não mililitro, que é nosso costume. Mas voltando ao livro, também é uma questão de estilo que ele utilize as frases longas e palavras densas para descrever as cenas do enredo, o que lhe valeu o adjetivo "gongórico".
A história é simples: mostra alguns dias na vida de um psiquiatra que se separou da esposa, apesar de amá-la (as descrições de seu sentimento por ela são lindas), e possivelmente por ter voltado da guerra muito diferente de antes, não consegue retomar a vida comum.
É uma história muito angustiante, dá a sensação de não haver saída possível para o sofrimento do personagem, e muitas vezes ele acredita que só o suicídio irá trazer alívio. Por ser psiquiatra, ou apesar disso, ele rejeita qualquer rótulo diagnóstico e não consegue ter esperança na psicoterapia que ele frequenta.
Me deu vontade de ler novamente, dá para entrar em várias nuances de sentimentos que estão ali.
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