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Monday, August 17, 2009

Júlia

É fascinante ter um bebezinho em casa... Fascinante e extenuante! Lembrava da época da Sofia: estes primeiros meses são os mais puxados que alguém pode viver (pelo menos que eu havia vivido). Nem o internato no PS de cirurgia, nem o estudo para o vestibular, nada se compara à preocupação, ao esforço físico e privação de sono, às alterações hormonais dessa época. É tudo intenso, profundo, importante. Uma expressão diferente no rosto ou a fralda mais leve do que das outras vezes gera repercussões gigantescas: será que está tudo bem? Estou fazendo tudo certo? Este ser tão frágil, que neste momento está tão necessitado, pode confiar em mim?
Realmente não há outro animal neste planeta que seja mais dependente do que nós no começo da vida. E o investimento que os pais fazem nos filhos é tão maciço que eu entendo quando os sentimentos e as vidas ficam meio misturados. Penso nos pacientes da psiquiatria, nas famílias embaralhadas, quando um não sabe o que é seu e o que é do outro. Consigo entender, porque existe uma época muito longa na vida de pais e filhos em que isso é na verdade necessário. A Júlia ainda é parte de mim: meus ouvidos estão colados nos barulhinhos que ela faz do berço, todas as ações do dia são planejadas em função do seu banho ou de sua vontade de mamar... Será que algum dia conseguirei me desligar dela e da Sofia a ponto de conseguir pensar nas minhas coisas sem ter uma parte de mim junto a elas? Sem ter aquele restinho de cordão me conectando a elas que faz com que haja uma música de fundo a repetir o nome das duas? Com certeza não...

1 comment:

  1. As duas tem muita sorte de ter uma mãe como essa. Assim como eu tenho a sorte de tê-la como amiga.

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