Tenho acompanhado a novela das 8 e estou gostando do personagem do Bruno Gagliasso, o Tarso. Ele faz o papel de esquizofrênico, numa família com muita dificuldade em aceitar sua doença. Os delírios e alucinações são bastante parecidos com os de muitos pacientes, e a reação da família também é bastante frequente na realidade. Geralmente as pessoas buscam tratamento religioso primeiro, ou então acham que viajar ou se entregar ao trabalho vai resolver a situação. Tentam também dietas, exercícios físicos, rotinas mais rígidas que estabeleçam horários de sono e refeição constantes. Acho que se eu fosse um familiar de um paciente com doença mental pensaria da mesma forma, consigo entender a vontade de curar o paciente através de ações comportamentais, que estão ao alcance do que a família consegue interferir. Vejo também uma semelhança entre o processo pelo qual cada família passa e aquele pelo qual a humanidade passou, já que a partir do século XVIII, depois da idéia de possessão ter sido abandonada, os "tratamentos" mencionados acima foram tentados um a um, e caindo em desuso a seguir, por fracassarem.
Minha visão sobre o assunto é bastante biológica: seja porque o paciente era predisposto geneticamente, porque houve falhas ambientais na infância, etc, o surgimento do sintoma depende de algum circuito neurológico com mau funcionamento, e só com intervenção nesta estrutura haverá retorno à normalidade. Não quero dizer que a terapia não seja importante, acho que é fundamental, porque o que a pessoa vai experimentando com a doença é muito angustiante, e ela precisa ter um entendimento e um suporte para dar um sentido às vivências. Se o paciente não faz terapia, parece que fica tudo muito absurdo em sua vida, sem poder ter uma continuidade e um caminho, e isso é terrível.
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