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Thursday, June 25, 2009

Novamente educação

Sei que meu marido vai discordar inteiramente de mim, e talvez minha irmã, que é pedagoga, me chame de ignorante, afinal eu não sou da área. Mas acho que o construtivismo é só um primeiro passo tímido na mudança que precisa ocorrer na área da educação. Freud falava que educar, assim como analisar, são missões impossíveis. É uma tarefa hercúlea querer passar adiante o conhecimento adquirido pela humanidade em tantas esferas, como ciências, línguas, história. E ainda querer que os garotos aprendam a se comportar com seus semelhantes e que busquem sozinhos o que desperta sua curiosidade. E não é que muitas vezes dá certo?
Mas o jeito como as coisas funcionam está errado, não serve mais. Já não servia quando eu estudava, há 15 anos, hoje então, é anacrônico. Tentar manter um aluno na cadeira por 5 horas, com intervalo de 30 minutos, é contra nossa fisiologia. Acho até que as escolas já perceberam isso e hoje em dia investem mais em atividades físicas do que no passado. O número de alunos por professor: no Bandeirantes a média era de 45 a 50 alunos por sala. Como é possível prestar atenção nos alunos, nas suas dúvidas? Fora as salas sujas, amontoadas. E estou falando do Bandeirantes, não de escolas públicas.
Mudando o assunto do formato das aulas para o conteúdo: por que não são ensinadas noções de Direito básico ou de economia? Em vez disso a ênfase é em física e matemática, sem uma boa distribuição de horários. História é totalmente distorcida pela visão pseudocomunista dos livros didáticos, colocando qualquer regime de direita ou liberal como vilão. Geografia não tentava falar sobre as culturas do mundo, insistia em climas e regiões físicas. Acho que a matéria que foi melhor ensinada foi português, em que aprendíamos literatura portuguesa, literatura brasileira, composição e interpretação de texto e gramática.
Será que é possível mudar? Talvez não. Pode ser que seja caro demais mudar, ou então que o ensino mais sofisticado seja função dos próprios pais. Professores especiais seriam necessários nessa nova escola, com erudição muito acima da média. O controle do que é absorvido pelo aluno também seria mais difícil, já que em geral as pessoas necessitam de coisas mais simples de entender, mais esquemáticas. E por fim, bem ou mal já existe um jeito de escola que está aí, que funciona, somos frutos dela. E continuamos aprendendo por toda a vida, náo é?

Novela "Caminho da Índias"

Tenho acompanhado a novela das 8 e estou gostando do personagem do Bruno Gagliasso, o Tarso. Ele faz o papel de esquizofrênico, numa família com muita dificuldade em aceitar sua doença. Os delírios e alucinações são bastante parecidos com os de muitos pacientes, e a reação da família também é bastante frequente na realidade. Geralmente as pessoas buscam tratamento religioso primeiro, ou então acham que viajar ou se entregar ao trabalho vai resolver a situação. Tentam também dietas, exercícios físicos, rotinas mais rígidas que estabeleçam horários de sono e refeição constantes. Acho que se eu fosse um familiar de um paciente com doença mental pensaria da mesma forma, consigo entender a vontade de curar o paciente através de ações comportamentais, que estão ao alcance do que a família consegue interferir. Vejo também uma semelhança entre o processo pelo qual cada família passa e aquele pelo qual a humanidade passou, já que a partir do século XVIII, depois da idéia de possessão ter sido abandonada, os "tratamentos" mencionados acima foram tentados um a um, e caindo em desuso a seguir, por fracassarem.
Minha visão sobre o assunto é bastante biológica: seja porque o paciente era predisposto geneticamente, porque houve falhas ambientais na infância, etc, o surgimento do sintoma depende de algum circuito neurológico com mau funcionamento, e só com intervenção nesta estrutura haverá retorno à normalidade. Não quero dizer que a terapia não seja importante, acho que é fundamental, porque o que a pessoa vai experimentando com a doença é muito angustiante, e ela precisa ter um entendimento e um suporte para dar um sentido às vivências. Se o paciente não faz terapia, parece que fica tudo muito absurdo em sua vida, sem poder ter uma continuidade e um caminho, e isso é terrível.

Wednesday, June 24, 2009

Filhos

A Sofia estava tão brava no final-de-semana, e eu não sei o motivo exato, assim como não vou ter a resposta porque ela não vai conseguir me contar. A pequena não tem condições de expressar com palavras o motivo de sua aflição, ou o que a deixava brava. Tento prestar atenção no meu instinto e nas minhas hipóteses, me colocar no lugar dela. Acho que é o que o Bion chama de reverie, a capacidade da mãe de captar o que é inconsciente para a criança e transformar em algo digerível, que faça sentido. Ou por palavras, ou por uma atitude acolhedora, sem entrar na mesma sintonia do filho. Conseguindo se manter separado, raciocinando. Ao mesmo tempo próximo, compreendendo, se colocando no lugar do outro, e separado, uma pessoa que não está imersa naquele sentimento.

Psiquiatria

http://www.neiglobal.com/ (Site do Neuroscience Education Institute, baseado no Stephen Stahl, professor da Universidade de San Diego, e que é muito didático em psicofarmacologia. O livros dele, Essentials in Psychopharmacology, é o primeiro e melhor livro para quem quer saber do assunto. Oferece vários cursos pagos nos EUA, mas também tem podcasts gratuitos interessantes)
E ainda outros sites, como:
www.plosmedicine.org - Revistas médicas de acesso aberto
www.scielo.br - Revistas brasileiras abertas ao público - bom para fazer pesquisa
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/ - Pub Med - Pesquisas científicas de artigos médicos
http://thebrain.mcgill.ca/flash/index_d.html - Site bem legal e didático, até para leigos, sobre o sistema nervoso central
Já tentei conversar sobre psiquiatria no Orkut, mas não achei nada interessante. Fiz uma lista para os alunos do HSPM, mas está no outro computador, com ainda outros sites, vou publicar assim que eu achá-la.
É fascinante a possibilidade de encontrar tudo isso na Internet, sem sair de casa, e de graça. Lembro de uma vez em que queria saber mais sobre a União Soviética (na época em que ela ainda existia) e pesquisei na biblioteca do colégio, na enciclopédia disponível. Achei tão pouca coisa, fiquei tão frustrada, e agora me espanto com o acesso a tanto material de maneira tão mais fácil. Nada de manusear livros gigantescos e empoeirados na biblioteca, vc vai direto ao que precisa, e ainda ganha de brinde informações cada vez mais aprofundadas e opiniões diversificadas. Sou fã dessa tecnologia...
Ainda gosto dos livros, da textura, da capa. Eles são necessários, até como objeto sensorial, até para marcar as páginas com alguma coisa pessoal, por exemplo, o ticket do cinema que ficou esquecido dentro do livro, ou alguma frase grifada de caneta por ser muito especial. Só que eles vão ficar restritos à literatura ou a livros técnicos de referência.

Monday, June 22, 2009

Novos sites em psiquiatria

Outros sites que lembrei:
4. www.psychiatrist.com (é o site do Journal of Clinical Psychiatry, tem CME breves e úteis, além de receber aviso das novas edições da revista e já poder dar uma olhada nos abstracts)
5. http://ajp.psychiatryonline.org/subscriptions/etoc.dtl (para receber um email com o novo número da American Journal of Psychiatry, o editorial tem acesso livre e vc pode checar os abstracts dos artigos originais)
6. www.thelancet.com (Revista The Lancet, tem poucos artigos em psiquiatria, mas importantíssimos. Tem podcasts da edição mais recente da revista e vc pode optar por receber alertas sobre os artigos das novas edições)
Quando me lembrar, coloco outros.

Sobre o blog

Confesso que fico com medo de escrever este blog. Não sei quem irá ler o que está escrito aqui, e quando nos tornamos públicos, temos de ter um certo cuidado. Primeiro porque nossa única referência somos nós mesmos, e coisas que são tão óbvias dentro da mente não são assim claras para o resto do mundo. Não sou escritora e não estou escrevendo uma tese, então minhas opiniões não têm argumentação sólida, é só uma opinião. E segundo que é difícil enfrentar críticas a nosso jeito de pensar, porque no blog tenho uma sensação de abaixar a guarda e expor minha intimidade, ficar um pouco nua...
Mas o exercício do português e o treino em organizar as idéias vai ser útil. Essa aventura no desconhecido e quais as repercussões do que estou escrevendo também são inusitadas, inclusive se não houver repercussão nenhuma, porque a realidade pode me ajudar a ver meu tamanho...

Sunday, June 21, 2009

Greve na USP

A mídia têm ficado contra a greve na USP e provavelmente reflete uma sensação generalizada de que as greves não têm mais sentido porque não têm pauta de reivindicação nos dias de hoje. Elas ficaram anacrônicas em um momento em que se discute eficiência no serviço público, em que a crise mundial faz todos ficarem cautelosos e quando se questiona o orçamento para universidades x ensino básico para toda a população. Afinal de contas, o cobertor é curto e não dá para investir em tudo.
E que história é essa de que todos vão opinar na condução da administração da universidade? Por que os funcionários e alunos têm que determinar os rumos dessa instituição e qual a capacidade deles de fazê-lo? Até agora não entendo o motivo disso. Acho que o final do comunismo provou que somos diferentes, com capacidades diferentes, e acreditar que todos são capazes de administrar é ser inocente.

Educação

Fico sempre pensando qual vai ser a escola em que a minha filha vai estudar. Apesar de ela só ter 3 anos, acho que o estilo da escola determina muitas posturas na vida.
Me preocupou saber que as melhores de São Paulo foram tão mal no ENEM. Várias coisas têm que ser levadas em consideração: o que este teste mede, se a escola consegue prestar atenção nas necessidades da criança (por exemplo, a escola pode ir otimamente bem nos testes, mas se seu filho é discriminado pelos colegas - o bullying - e ninguém faz nada em relação a isso, não adianta o conhecimento que ele ganha), a distância da casa da criança...Afinal de contas, a gente mora em SP, com esse trânsito maluco, e não dá para deixar seu filho estressado no trânsito.
De qualquer forma, a escola em que eu estudei não serve mais para hoje. As escolas em geral estão ultrapassadas, a Sofia é da geração da internet, tudo é muito mais rápido. Exigir que essa geração fique parada, prestando atenção no professor por tanto tempo, é até cruel. Não é à toa que existem tantos conflitos com os professores, os moldes do ensino são muito rígidos para pessoas que são mais flexíveis e com tantos interesses quanto esses pequenos.

Sites úteis em psiquiatria

Para quem se interessar em atualizar-se em psiquiatria sem sair de casa existem várias possibilidades gratuitas:
1. Site da ABP: www.abpbrasil.org.br (ficando sócio, vc acessa o Programa de Educação Continuada, com aulas e cursos inteiros, com questionário de avaliação e certificado de conclusão)
2. Site da Associação Americana de Psiquiatria: www.psych.org (os congressos de 2008 e 2007 deixam em aberto as palestras patrocinadas pela indústria, que incluem aulas do Oliver Sacks e Stephen Stahl. Se quiser ficar sócio, pagando 150 dólares anuais, vc tem acesso ao conteúdo online do American Journal of Psychiatry. Os guidelines também são abertos)
3. www.medscape.com (atualização gratuita, com questionários após as aulas, apesar de ser patrocinado pelas indústrias, acho que é muito útil e isento)
Vou lembrar de outros e coloco mais tarde.