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Thursday, October 22, 2009

Barbárie

Alguém viu a capa do Estadão de ontem? Tem uma foto estampada, onde um cadáver de uma pessoa que foi torturada antes de morrer está dentro de um carrinho de supermercado, sendo observada por várias pessoas, inclusive crianças. Fiquei tão chocada com esta imagem que até hoje estou tentando digerir o que vi...

Me lembrei também do documentário da National Geographic sobre a II Guerra Mundial. Estudei no colégio, aprendi direitinho os fatos históricos, mas só depois de ver as imagens é que caiu a ficha sobre os números: 70 milhões (70.000.000) de mortos. Havia pilhas de pessoas mortas em valas comuns. Você faz idéia do que é uma pilha de cadáveres? Fico tentando imaginar o nome de cada pessoa, tentar dar uma identidade para cada um, mas é impossível: não existem indivíduos numa situação dessas, só massas, alvos, estatísticas.

Nesse documentário há uma citação breve sobre o início dos campos de concentração. A morte a atacado surgiu porque na Polônia, a execução de civis com um tiro na nuca estava tirando a moral dos soldados alemães. Os oficiais decidiram então fazer a coisa de maneira mais "impessoal", o que facilitou o extermínio de tanta gente.

Talvez essa impessoalidade, ao ver alguém sendo tratado como coisa, porque carrinho de supermercado é para coisas, é o que choque na foto. E aí dá para pensar que o Rio de Janeiro está em guerra também, porque já chegou no ponto de indiferença para com os mortos. Ele entra então para os números novamente: já morreram 34 pessoas desde a tomada do Morro dos Macacos...