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Monday, April 11, 2011

Resenha do filme "As bruxas de Salem"

Recentemente revi o filme "As bruxas de Salem - The Crucible", de 1996 durante uma reunião para discutirmos a respeito de histeria coletiva. Acho que o filme tem muitos outros aspectos além desse, e por isso quis escrever sobre ele.
A história se baseia em fatos reais, ocorridos na vila de Salem, em Massachussets, em 1692. Tudo começa quando uma empregada negra faz rituais de vudu nos quais várias meninas da aldeia se envolvem, e são descobertas e acusadas de bruxaria. Quase 20 pessoas foram condenadas à morte por envolvimento com feitiçaria após o grupo começar a fazer acusações de envolvimento com o demônio contra outras pessoas. É um filme tenso, a sensação final é de tristeza e de questionamento a respeito do porque há perda da razão compartilhada por tantas pessoas e que geram consequências tão terríveis.
1. Histeria coletiva: refere-se a um adoecimento ou comportamento estranho que é coletivo e sem causa aparente. Em geral há sintomas somáticos, como náusea, tontura, palidez, dispnéia, etc. No filme, a histeria coletiva é utilizada por pessoas da vila para realizar seus intentos, como eliminar a esposa do amante e conseguir visibilidade e poder  (Abigail WIlliams), para vingança e até para conseguir descartar os vizinhos para aumentar seu quinhão de terra (Mr. Putnam).
2. Justiça: ao longo do filme são realizados vários julgamentos e percebe-se a manipulação que os advogados, e mesmo o juiz, fazem sobre as testemunhas e acusados, de acordo com a própria opinião. Ao negar que seja uma bruxa, o procurador pergunta como é possível que a acusada faça essa negação se ela nunca viu antes uma bruxa e não sabe como ela seja... É o paroxismo da argumentação que não permite saída possível. O governo de Massachussets se desculpou oficialmente e considerou os acusados inocentes em 2001, 300 anos após o julgamento.
3. John Proctor: é um dos personagens principais, interpretado por Daniel Day-Lewis de forma brilhante. Ele é um fazendeiro sensato que sofre um tormento interno por ter traído sua esposa com Abigail. Não consegue se perdoar e sente que é um homem ruim por isso. Ao longo do filme, ele se assusta com a perda de razão dos julgadores e com as mortes desnecessárias de pessoas inocentes ao seu redor. Tenta interferir, oferece provas de que o que está ocorrendo é absurdo, mas por causa da rigidez e da empáfia do Juiz Danforth, que se recusa a dar um passo atrás em seu julgamento, acaba sendo condenado à morte. Antes de morrer ele tem a chance de assinar uma confissão de sua ligação com o demônio e continuar vivo, porém recusa a confissão para não perder sua honra eo não deixar que outras pessoas tivessem morrido em vão. Exatamente no momento em que é considerado culpado pelos seus semelhantes é que ele é absolvido e se vê como pessoa boa para si mesmo e para nós, que conseguimos olhar com distância e isenção. É a ovelha sacrificada para "purificar" o vilarejo de suas maldades.
4. Religião: o filme mostra como os ideais religiosos podem ser perniciosos para a vida cotidiana das pessoas. É quando vê, em brincadeira de meninas que dançam na floresta e permitem o despontar da sexualidade, algo sujo e demoníaco que começam os problemas. A busca de uma perfeição nos atos humanos, que é apoiada pela Justiça, acaba por punir justamente as boas pessoas. Os pragmáticos ou rancorosos se utilizam da caça ao Mal para conseguir realizar seus intentos materiais ou de vingança. Faz questionar até que ponto essa busca é possível ou desejável.  

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